Ageu azevedo

Ageu Azevedo                             

Zootecnista e gestor administrativo da Agropaulo (Grupo Telles)

A necessidade de transformar e mudar o ambiente para melhor foi característica primeira do zootecnista e mestre em produção animal Ageu Azevêdo na busca da expansão do nome da zootecnia.

Formado há 14 anos pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e natural de Juazeiro do Norte (Ceará), é filho mais velho de três e desde pequeno teve apreço pelas ciências da natureza. A escolha do curso, que considera golpe do destino, possibilitou expressar a paixão pela natureza que sempre tivera, antes mesmo de saber o que era a Zootecnia em si.

Dentro dos 5 anos de Faculdade estudando as mais diversas culturas na área da produção animal, foi bolsista da Universidade e trabalhou em diversos projetos de extensão e pesquisa em culturas como apicultura, ovinocaprinocultura e piscicultura.

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Passou também em testes e seleção para mestrados em Portugal (Instituto Politécnico de Castelo Branco) e Itália (Universitá de Triste) entre os anos de 2005 e 2006, chegou a morar em Portugal, mas por motivos particulares teve de retornar ao Brasil, fazendo cursos técnicos de formação na área e especializações, o que acabou favorecendo sua rápida absorção pelo mercado de trabalho.

No decorrer de 14 anos de atuação, fez ainda mestrado na UFERSA em Mossoró (RN), além de diversos outros cursos técnicos e de pós-graduações. Atualmente faz sua quinta pós-graduação na área de pecuária de leite e atua em uma das melhores empresas ligadas ao setor, organizando e alavancando a produção média da empresa ,que no final do ano de 2017 ficou com média mensal de 6500 litros de leite produzidos por dia, com objetivo de expansão dessa produção.

“Meu trabalho com a bovinocultura de leite é relativamente novo, atuando hoje 100% entregue a atividade, mas trabalhei com nutrição e assistência técnica anos anteriores em empresas como Prefeituras, CNEC, SEBRAE, Agropolos, Plangri/Agrotec e outras, principalmente com ovinocaprinocultura e forragicultura na alimentação de ruminantes. Além de consultorias, cursos e treinamentos diversos para pequenos produtores e comunidades espalhadas em todo o Ceará.

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Um grande orgulho que tenho é de ter feito parte, aliás, foi meu primeiro emprego mesmo com carteira assinada e tudo mais, na cidade de Morada Nova-Ceará, do grupo de professores de um curso do técnico agrícola da cidade, aonde hoje, alguns alunos além de técnicos agrícolas, foram além, fizeram cursos nas áreas de agronomia, veterinária e zootecnia, alguns deles até já me ultrapassaram pois concluíram doutorado como o engenheiro agrônomo João Paulo, que atua como professor em escolas técnicas e outros estão fora do estado atuando como zootecnistas e gestores em propriedade que também produzem leite, caso do ex-aluno e recém formado zootecnista Rogério Araújo.

Sempre me considerei um professor duro e exigente, cobrando muito dos meus estagiários e alunos, sempre a perfeição nos trabalhos, a busca constante pela qualidade e seu crescimento como profissional. Muitos ficaram pela caminho, mas aqueles que correram comigo e acreditaram em si mesmo, hoje atuam nos setores e instituições espalhados pelo Brasil.

A bovinocultura sem dúvida vem se transformando numa grande paixão, estamos conhecendo, cada vez mais, a atividade, estudando e investindo caro na melhoria para evoluir o rebanho, a qualidade genética e produtiva dos mesmos, além de associar-se hoje com outros profissionais das áreas das agrárias para buscar ferramentas, mecanismos de transformação e evolução da atividade.”

 

ENTREVISTA

 

Como são as atividades desenvolvidas pelo Sr. na Agropaulo, do Grupo Telles?

Meu dia começa fazendo visita as instalações, vendo os currais, os animais que estão em lactação, observando os funcionários que prestam assistência e avaliando diariamente os manejos, o bem estar dos animais, assim como seu comportamento diante dos desafios diários que começam ao iniciar do dia, o comportamento de cocho, a sanidade do rebanho como um todo e se as outras categorias, gado solteiro, estão devidamente assistidos pelos tratadores, busco saber se as condições de manejos estão adequadas e se cada um está a desempenhar seu papel da melhor forma possível, controlando a distribuição dos insumos de acordo com as necessidades que vão aparecendo. Hoje, me vejo mais como gestor do que técnico mesmo, o senso de propriedade é muito desenvolvido por aqui e buscamos adequar protocolos técnicos e recomendações para que nossos índices zootécnicos sejam superados.

Durante as atividades laborais, quais os principais obstáculos encontrados e o que tem sido feito para ultrapassá-los?

Os principais obstáculos são manter a “moral das tropas” elevada, para que todos possam desempenhar seu papel da melhor forma possível, sejam os ordenhadores, inseminadores e outros tratadores que fazem parte das equipes que hoje é composta basicamente por 25 pessoas que estão distribuídas entre fábrica de ração, ordenha e trabalhos de campo, manejos sanitários, reprodutivos e maquinário, tentando distribuir tarefas e manejos que são agendados nos trabalhos diversos que desempenhamos como aplicação de medicamentos, pesagens, inseminações e as tarefas que uma grande propriedade/empresa tem diariamente. Todos os dias temos desafios, logísticos, humanos e ambientais, horas o clima e o período ajudam, em outros está totalmente contra quando chove muito e os animais ficam com sua fisiologia afetada devido as trocas de calor serem mais complicadas nesta época de chuvas, bom para o pasto, mas um tanto desafiador para com os animais. Vejo que o importante é manter a calma, informar-se, avaliar a situação, pedir ajuda e tentar da melhor forma resolver cada situação de forma que os resultados venham a ser aqueles que realmente possam surtir efeitos.

A empresa tem média de produção de 6.500 litros leite por dia, existe planos de expansão?

Sim, temos planos para alavancar nosso rebanho, estabilizar entre 450 a 500 animais, mantendo nossa capacidade de suporte forrageiro, usando tecnologias disponíveis nos tratos de produção de silagens e uso adequados das áreas que possam suportar nosso rebanho, ou seja, todas as categorias de animais em lactação ao gado solteiro, buscando e tentando chegar ao final do ano com uma produção acima de 7000 litros por dia. Eu pessoalmente acredito que podemos chegar, pois já chegamos a 8300 litros, precisamos melhor nossos índices reprodutivos e manter a saúde dos animais em dia, assim como melhorar o conforto animal, mas entre alcançar esses resultados desejados e fazer com que realmente aconteçam existe um caminho longo e desafiador que percorremos diariamente cheio de curvas, atalhos e adaptações que vão se moldando a cada dia de trabalho, pois a cada mudança de temperatura, ou mudança de dieta, etc por menores que sejam, puxam os indicadores para baixo e para cima.

Qual trabalho vem sendo desenvolvido para melhorias na qualidade e produtividade do leite produzido na empresa em que atua?

Pessoalmente acredito que o que melhor podemos fazer é melhorar nosso emprenho na reprodução dos animais, manter foco nisso, usar de ferramentas como protocolos de IATF, observação de CIO, marcadores e acompanhamento técnico adequado, além de treinamento e motivação da mão de obra que nos assiste, nos parceiros e colaboradores que, através dos trabalhos de pesquisa e parcerias que fazemos com grandes empresas que nos assistem e excelente consultorias internas e externas, contribuem para alcançar um aumento da produtividade, além de exames diversos que fazemos para que os animais sejam melhor tratados, aparecendo em seus resultados produtivos/zootécnicos e buscando instituições que sempre contribuem para que o leite seja de excelente qualidade e nas condições as quais os mercado venha a pagar por uma qualidade superior.

Quais os principais desafios que o Sr. observa na carreira da Zootecnia na atualidade?

O zootecnista precisa ter foco naquilo com que ele trabalha, especializar-se, viajar e visitar grandes empresas, propriedades, investir sempre na sua formação e tentar mostra-se como um profissional que realmente dê resultados e não ficar observando as coisas a mercê do tempo e se deixar levar apenas por aquilo que o mercado está lhe colocando à disposição, enfrente-os, encare-os de frente e faça acontecer.

Como ultrapassá-los?

Busque conhecimento e boas pascerias, enfrente com técnica e fatos cada situação, tenha base, tenha certeza do que pode ser feito. Arrisque com parâmetros próximos com os quais você, sabendo da sua situação em si, possa construir ações corretivas, transformadoras e de resultados positivos e produtivos.

A busca pela capacitação e pelo fortalecimento de novas áreas de atuação da Zootecnia podem ser uma boa saída para enfrentar o mercado de trabalho em meio à crise?

Sem dúvida alguma, qualquer investimento que o profissional fizer na sua carreira sempre vai ser inferior a qualquer resultado que ele venha a ter, sempre está em dia com as tendências do mercado e acompanhar a situação através de uma boa observação e agir conforme as técnicas recomendam, pois quem tem conhecimento e motivação, age para que mudanças possam ser feitas ao seu redor e espero que estas mudanças sejam sempre as melhores dentro das limitações ambientais, animais e de recursos que temos a disposição.

Como o Sr. observar o reconhecimento da profissão do Zootecnista pela sociedade? Com o passar dos anos, existe alguma diferença entre essa percepção?

A profissão ainda está em crescimento, ainda são poucos profissionais que estão atuando no mercado com assistência técnica no nosso Estado, principalmente pela falta de iniciativas e por muitas vezes o cliente/produtor acaba optando por outros profissionais que atuam em suas profissões há mais tempo. Então, muitos acabam indo logo para instituições públicas como universidades e outros projetos, até mesmo herdando propriedade dos pais e/ou parentes, seguindo sucessão familiar.

Outros constroem carreiras e atuam nas mais diversas instituições, públicas e particulares, criam empresas de assistência técnica e atuam vendo várias situações, pois sempre vi que os muitos modelos propostos são baseados em experimentos muito controlados, mas a realidade é que cada sistema condiz com necessidades que muitas vezes não estão nos livros, mas que usamos como referência para sanar problemas. Acredito que os melhores profissionais são aqueles que se adaptam as situações, investem na sua formação e acreditam que seu trabalho vai sim fazer uma diferença local na vida do produtor e assim gerar boa imagem para esse tipo de técnico.

Há pouco tempo imaginávamos a zootecnia como uma simples extensão de outros cursos, mas não é, está longe disso, suas raízes são muito mais profundas, sendo até construídos cursos de especialização para que outras áreas possam especializar-se na zootecnia, tanto é que outros cursos estendem como uma pós-graduação ou curso de mestrado. O cenário vem mudando, o campo de trabalho está expandindo e outros profissionais se encontram com mais facilidade como gestores de grandes propriedades, o que vejo ser uma tendência devido a diversidade de sua formação.

Próxima dia 13/05 é dia do Zootecnista, qual mensagem e ponderações gostaria de deixar para os companheiros de profissão?

Gostaria, antes de tudo, de desejar aos colegas e amigos da profissão meus parabéns por persistir nesta área tão desafiadora, onde os zootecnistas que estão atuantes na profissão estão se mostrando capazes de gerar bons resultados, mostrando-se como profissionais que estão no mercado sendo desafiados, comparados, medidos e avaliados em relação a aquilo que estamos dispostos a realizar, nas mais diversas áreas que envolvem a produção animal, conhecimentos nas áreas das culturas técnicas que atuamos e sempre buscando melhorias em qualquer sistema aonde sejamos inseridos.

A principal consideração que deixo para os profissional é que acreditem em si mesmo, tenha fé nos seus conhecimentos e que mantenha o foco naquilo que estiver construindo, seja como pessoa ou como técnico, que tentem e contribuam para a criação do conselho próprio da zootecnia e que sejamos reconhecidos não apenas como zootecnistas e sim, da mesma forma que somos em Portugal e outros países da América Latina, Engenheiros Zootécnicos.

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