Matéria publicada no Jornal Diário do Nordeste

Evento pioneiro no Estado lançará soluções para o problema de saúde pública resultante do abandono de animais nas ruas, especialmente gatos. Acontece na próxima sexta-feira, dia 10, no Auditório Central da Universidade Estadual do Ceará (Uece), palestra do Projeto de Extensão Animus - Educação Humanitária, coordenado pela professora da Faculdade de Medicina Veterinária (Favet), Adriana Pinho Pessoa.

O projeto apresenta o movimento da C.E.V.D. (captura, esterilização, vacinação e devolução) para controle populacional de animais abandonados nas ruas e de zoonoses em massa. Para falar sobre este tema, participará a coordenadora do Projeto Felinos Urbanos, Otávia Mello, que realiza a ação com êxito em São Luís (MA).

Ela é pioneira no Brasil com treinamento internacional em C.E.D. (Captura, Esterilização e Devolução). Sua experiência em São Luís acrescentou a vacinação, o "V", ao método.

O evento da Uece também contará com a participação do veterinário Reginaldo Pereira, especialista em felinos. As palestras sãos abertas a todos os interessados, especialmente estudantes de graduação e de pós-graduação dos cursos de Medicina Veterinária, Biologia e também voluntários no movimento de proteção animal, sejam por meio das Organizações Não-Governamentais (ONGS) sejam com atuação individual.

De acordo com Adriana Pinho, o projeto de extensão Animus - Educação Humanitária: aprendendo sobre bem-estar animal, zoonoses e guarda responsável tem como missão formar cidadãos e promover mudanças na atitude das pessoas, por meio de atividades educativas direcionadas aos estudantes e funcionários da Uece, c omunidade e Centro de Controle de Zoonoses (CCZ).

"Animus é uma palavra originada do latim, usualmente traduzida como alma, espírito e também como mente ou psique. São atributos desse elemento a inteligência, a razão, a consciência, o pensamento, a vontade. Isso faz como que essa palavra seja nossa mensagem através da qual queremos repassar que os animais sentem, sofrem da mesma maneira que nós humanos e por isso devemos respeitá-los", explica Adriana Pinho. Ela diz que o evento da próxima sexta-feira é o primeiro organizado com participação de convidados. "Estamos todos bastante ansiosas com a vinda de Otávia Mello e com a participação do Reginaldo Pereira. Para que possamos trocar ideias, ganhar conhecimento e, principalmente, podermos pôr em prática com os animais que se encontram abandonados no campus Itaperi. Essa palestra vai nos fornecer conhecimento teórico e vivência prática para que possa ser colocado em prática os conceitos da C.E.V.D (captura, esterilização, vacinação e devolução)".

Conforme avalia a coordenadora do Projeto Animus, o movimento de proteção animal no Estado vem crescendo e ganhando mais força a cada dia. "Frequentemente surgem mais pessoas sensíveis aos sofrimentos dos animais não humanos e nosso projeto tem a função essencial na conscientização através da educação humanitária. Existem vários grupos e ONGs trabalhando no resgate, tratando, esterilizando e disponibilizando para adoção cães e gatos em situação de risco na cidade de Fortaleza em especial", observa ela.

Conhecido originalmente como C.E.D., este movimento nasceu em meados de 1950, na Inglaterra, quando foi percebido que eutanasiar animais abandonados ou soltá-los em outras áreas não era uma solução efetiva ou humanitária para o problema da superpopulação de bichos nas ruas.

No mundo

Otávia Mello, nome de referência no Brasil sobre este movimento, conta que o C.E.D. Se alastrou pelo mundo após o inicio do "Alley Cat Allies", nos EUA.

"Praticamente, todos os Estados dos EUA têm grupos de C.E.D. Hoje em dia, assim como em quase todos os países do mundo. Conheci o C.E.D. Quando fiquei frustrada com os obstáculos encontrados para ajudar animais de forma impactante, real e a curto e longo prazos, o que não acontece com resgate e adoção", afirma ela.

"Conheci o C.E.D. No Brasil com o Cats of Necropolis, que atuava em um cemitério em Santos. Prestes a viajar para Toronto, em um Fórum do Orkut, falei sobre meu desejo de começar este movimento, mas não sabia onde arrumar a armadilha. Então a Ana Mascarenhas, de Teresópolis, me doou uma gatoeira, quando retornei de Toronto. Morando no Canadá, participei de um workshop oferecido pela Humane Society onde aprendi tudo que precisava sobre C.E.D. E o projeto se iniciou um mês depois do meu retorno".

Atualmente, o Projeto Felinos Urbanos é realizado com sucesso na capital maranhense e conta com a participação de apenas sete voluntários, além de Otávia. O grupo introduziu a vacinação, surgindo o movimento C.E.V.D. Além da castração e cuidados veterinários, no Felinos Urbanos, os gatos recebem as vacinas múltipla felina e a anti-rábica. Muitas pessoas até se interessam mais em adotar os bichanos quando os vêem com saúde.

No bairro da Praia Grande, em São Luís, local de grande concentração de animais abandonados outrora, hoje são poucos os bichos nas ruas.

Na palestra, Otávia vai detalhar o passo a passo dessa experiência de sucesso.

Mais informações
Projeto animus - educação humanitária
Sexta-feira, dia 10, auditório central da uece - 10 horas
Entrada: 1kg de ração para gatos

Valéria Feitosa
Editora

Artigos relacionados
  O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) proíbe as cirurgias consideradas desnecessárias ou que possam impedir a capacidade de expressão do compor...
Continue lendo...
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Ceará (CRMV-CE) entrou com ação de tutela provisória antecipada, em caráter antecedente, solicitando ...
Continue lendo...
...
Continue lendo...